domingo, 5 de setembro de 2010

LEITURA DAS IDÉIAS DE CHARLOT À LUZ DE MINHAS EXPERIÊNCIAS

Na postagem dessa semana, escolhi retomar o texto de Bernard Charlot, lido na Interdisciplina Escola, Projeto Pedagógico e Currículo, porque penso a educação como uma postura diante do próprio aprender, ao mesmo tempo um campo de escolhas. Escolhas que podem ser repensadas e refletidas, para então serem aprimoradas.

Como tal, reelaborei meu tema, questão e objetivos para a apresentação do TCC, a fim de focar melhor todo trabalho já realizado:

Tema:

Arquiteturas Pedagógicas: As relações construídas no processo de aprendizagem mediado por computador.

Questão:

Como as Arquiteturas Pedagógicas influenciam no processo ensino/aprendizagem?

Objetivos:

  • Discutir a importância das Arquiteturas Pedagógicas para o Processo Ensino/Aprendizagem.
  • Identificar em quais situações de ensino/aprendizagem a construção do conhecimento ganha maior significado para o aluno;
  • Analisar os diferentes comportamentos dos alunos diante dos desafios propostos pelo uso do computador;
  • Relacionar a aprendizagem com o aumento da alta-estima, com o comprometimento em aprender e com a mudança de qualidade dos relacionamentos entre alunos e entre alunos e professor.

Muitos colegas questionam se os alunos de classe sócio-econômica baixa possuem a capacidade de construir aprendizagens na Informática, por não terem contato com computadores em casa. Respondo que todos os alunos possuem a capacidade de aprender, mesmo que as ferramentas lhes sejam estranhas, aprender a usar essas ferramentas, no caso o computador, será o meio para construir outras aprendizagens.

Nem todos os alunos provêm do mesmo meio social, percebem ou recebem os mesmos estímulos do mundo, portanto, nem todos aprendem do mesmo modo, a mesma coisa. Aprender, assim como ensinar, são atividades muito subjetivas, que envolvem uma carga emocional muito forte, assim como simpatias e antipatias, crenças, conceitos e pré-conceitos.

Nossas instituições de ensino multiplicam os meios para generalizar e igualar os alunos, e nesse movimento com o enfoque social/didático, evidente, esforçam-se para justificar os fracassos escolares numa “leitura em negativo” da situação, categorizando o aluno de classe econômica baixa, como único responsável pelo seu não-aprendizado, identificando nele os elementos ausentes para o sucesso escolar.

O fato repousa, na ausência de identificação da escola e, em conseqüência, dos professores, com a realidade de mundo do aluno, tornando o abismo da leitura de mundos, intransponível e as metodologias de ensino ineficazes.

A função da escola é tornar os saberes humanos escolarizáveis, próprios para serem aprendidos, mas a questão é: Quais desses saberes são de interesse para o meu aluno? Qual deles tem significado? O professor está imediatamente ligado ao mundo do aluno e do grupo que, no momento, ambos pertencem, é ele que vai questionar e fazer o levantamento, entre os alunos, e levantar a problemática de quais saberes devem ser elencados e escolarizados para aquele grupo em particular que, a priori é heterogêneo e, possui interesses e motivações diversos; sendo que a motivação e o interesse são fatores internos, que bem trabalhados podem se tornar externos, retroalimentando o processo de ensinar e aprender.

A aproximação daquilo que vivo com aquilo que aprendo, tem uma significação muito maior em mim, desperta o prazer e dá vontade de ir além, alimentando a auto-estima, relacionando novos conhecimentos que, a princípio, parecem não ter vínculo com os anteriores, mas, que servem como trampolim para novas e superiores experiências. Se esse processo é natural em todo o ser humano, a resposta do porquê alguns alunos aprendem e outros não, fica clara: é porque esse ou aquele conhecimento me serve, esse ou aquele conhecimento não me serve, então quem decide o que aprender é o próprio sujeito da aprendizagem. Todavia, é necessário o condutor desse processo, aquele que imprime a intencionalidade da ação educativa, o professor.

Munido dessa intencionalidade, sem esquecer que ambos estão inseridos no processo de aprender e ensinar, o professor encontra instrumentos que descortinam o universo do aluno, revelando-o em sua riqueza de significados, envolvendo-os em atividades que não lhes são estranhas, e que os levarão a adotar uma nova postura, a deitar um olhar crítico sobre sua realidade e nesse processo transformador mudar a realidade ao seu redor, a si mesmos e aos outros.

Meu trabalho, é isso, e reflete minha postura diante da vida e dos múltiplos saberes, uma postura sempre crítica e desconfiada e, por isso mesmo, aberta a investigar as muitas verdades, minhas, tuas, nossas, mesmo assim, alguns alunos meus ainda fracassam, credito isso ao momento de despertar de cada um, a maturidade e rítimo, que também necessitam ser construídos e respeitados.

Um comentário:

  1. Olá Mara Rosane!

    Acredito que com a mexida no tema do seu TCC, acrescentando Arquiteturas Pedagógicas vai dar um embasamento importante no trabalho.
    Seus questionamentos são pertinentes, completando com a ligação feita a Interdisciplina Escola, Projeto Pedagógico e Currículo de eixo do semestre já desenvolvido.
    Quero aprender com o seu TCC!

    Abraços,

    Geny

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