domingo, 22 de agosto de 2010

Leitura da Semana

LETRAMENTO NA CIBERCULTURA - 22/08/10

A postagem dessa semana refere-se ao artigo NOVAS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA: LETRAMENTO NA CIBERCULTURA de Magda Soares*, Leitura da Interdisciplina de Alfabetização, do Eixo II, para mim, 1º sem de Pedagogia.

Nesse artigo, a autora tenta compreender os diferentes letramentos, no presente, "interrogando o futuro que nele está sendo gerado." Para isso, ela diferencia os processos de alfabetização, a aquisição do código escrito, do de letramento, prática sócio-cultural de leitura e escrita.Traça uma caminhada pela história, destacando os diferentes portadores até chegar ao ciberespaço, mostrando suas limitações e possibilidades em seus usos sociais.

Ela optou por conceituar letramento no plural, por compreender que há uma diversidade de ênfases na caracterização do fenômeno, em vez de diversidade de conceitos.

Tomarei do artigo, a ênfase no letramento como prática social da leitura e da escrita e seu efeito sobre a sociedade (SOARES apud KLEIMAN, 1995, p. 19)¹, já que concordo com a visão geral de que a alfabetização é uma prática individual, enquanto que o letramento, possui uma dimensão sócio-histórica por se tratar da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade e, portanto, precisa preparar o aluno para ler nessa sociedade.

Dessa forma, estamos tratando de um fenômeno que não é único do nosso tempo, por isso dizer "letramentos", vivemos em uma cultura do papel, em que seu sistema ainda não é plenamente compreendido e dominado por todos, e ao mesmo tempo, estamos ingressando na cibercultura, onde os portadores dão novos sentidos, usos e dimensões ao texto, não deixando-o mais confinado à formatação do códex ou da impressão em livros, cuja sequência é totalmente linear, estamos mais próximos da idéia de interação e contribuição com o texto, contida nos manuscritos de antes da era da imprensa, sem contudo, retrocedermos.

Outra analogia que pode ser feita, embora não haja estudos o suficiente para confirmar essa hipótese, é que a forma de leitura e escrita no meio virtual é mais próxima do nosso próprio esquema mental, favorecendo assim os processos cognitivos, o que configura um letramento digital para aquelas pessoas que se apropriam das tecnologias digitais, gerando mudanças cognitivas, discursivas e, consequentemente, sociais.

Na cibercultura, não há o controle da autoria escrita, como nos livros, pois todos podem ser autores, postando suas idéias na rede, ou interagir com seus autores preferidos fazendo comentários e postando considerações sobre um tema determinado, em blogs e espaços com essa finalidade.

A escrita é um ato imaginativo que ganha vida, através do hipertexto que, por exemplo, também é a forma como pensamos, com várias formatações, caminhos e links, que por sua vez levam a outras informações, com formatações,caminhos e links diferentes; todas as alternativas construídas por sujeitos diferentes, em diferentes tempos e lugares, mas que podemos acessar a um clique, assim como no nosso cérebro.

No hipertexto a sequência da leitura é escolhida pelo leitor, que não precisa partir do início, ou chegar ao fim, para descobrir/acessar a informação que precisa.

A escrita é essencialmente espacial, necessita de um espaço para existir, assim como o pensamento necessita do cérebro, seja esse espaço, físico como o papel, ou virtual como a WEB.

Nesse sentido, letrar na cibercultura é tarefa da escola já que, tradicionalmente, ela é responsável pela instrução formal, que envolve a alfabetização de um grupo de sujeitos, que por sua vez estão inseridos em um contexto sócio-histórico. Deve, também, focalizar esses aspectos sócio-históricos para a construção da escrita e da leitura de maneira contextualizada com o tempo e a cultura dos alunos que a frequentam.


* Professora Titular Emérita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: mbecker.soares@terra.com.br

¹KLEIMAN, A. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola. In: KLEIMAN, A. (Org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995, p. 15-61.

Um comentário:

  1. A pedido:
    Olá Mara Rosane!

    (Não consegui postar no teu portfólio)

    Até que enfim cheguei para olhar o seu trabalho, como sempre muita dedicação!
    Teu assunto é atual e relevante. Na internet tem muitas pesquisas que
    nos levam a reconhecer a importância do Letramento Digital nas escolas
    tanto na Formação de Professores com para o alunado.
    Percebi que o teu TCC esta bem FOCADO e adiantado constando o registro
    da primeira versão, é só seguir as orientações de sua Orientadora
    Professora Luciane.

    Obrigada por suas postagens no Portfólio!

    Abraços,

    Geny Schwartz
    Tutora Seminário Integrador
    PEAD/FACED/UFRGS

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