Este Semestre tem sido rico em construções que levam à tomada de consciência sobre as condições profissionais dos professores e sua prática no ambiente escolar. Dos trabalhos que realizei até agora, fazendo um balanço, pude evidenciar muitas dessas construções, as quais, no último trabalho de Escola, Cultura e Sociedade, através de um diálogo com Tardif (Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2003.- cap. 3. pág. 112 – 149), tornaram-se muito claras. Destaco aqui algumas passagens que acredito serem significativas dessa tomada de consciência:
Os professores encontram-se envolvidos em várias práticas que, em função da autonomia e democratização exigida atualmente, demandam em exaustivas responsabilidades ligadas ao ato de ensinar. Essas atividades são distribuídas pelos tempos e espaços da escola que em muitos momentos não envolvem contato direto com aluno e sim com a comunidade ou seus pares, como a elaboração do PPP; do Regimento Escolar; participação de reuniões Pedagógicas; de planejamento; projetos; formação; etc. Todos esses fatores contribuem para o aumento da responsabilidade dos professores sobre o desempenho dos alunos, que são avaliados sistematicamente por instrumentos nacionais elaborados fora do contexto escolar para detectar esses resultados. Os trabalhadores ainda precisam responder sobre o que fazem, como fazem e para que fazem, sobre suas competências e habilidades, sobre atividades de ordem orçamentária, jurídicas, pedagógicas e políticas, numa cobrança exaustiva de todas as suas funções.
Os professores são considerados, em geral, os principais responsáveis pelo desempenho dos alunos, da escola e pelo sistema de ensino. É o corpo de professores que responde às exigências colocadas pelas variadas funções que a escola pública assume hoje, o que está além da formação profissional do professor, muitas vezes. Os professores têm que participar da gestão da escola, da escolha direta para diretores e coordenadores escolares, da representação junto aos conselhos escolares, da elaboração do planejamento escolar e dos programas e currículos, citados acima, além, é claro, das suas atividades de sala de aula, isso é uma intensificação do trabalho e resulta na sua reestruturação quanto à natureza, definição e formação, a fim de responder aos diversos interesses postos pela sociedade de um país com profundas desigualdades sociais, culturais e educacionais em que a educação foi massificada como tentativa de diminuição da pobreza.
Nessas colocações, que não se entenda o queixume em relação à autonomia obtida pela escola nas duas últimas décadas, posto que foi uma conquista obtida através das muitas lutas nas décadas anteriores e que ainda não foram completamente atingidas. O que se quer mostrar com essas colocações, nesse diálogo, é que o trabalho do professor, nessas últimas décadas, saiu da exclusividade da sala de aula e de seu planejamento passando a contemplar um universo muito mais abrangente e uma realidade cada vez mais precária materialmente. Para lidar com isso o professor precisou buscar novas competências e habilidades através de formações constantes, fora de sua preparação técnico-profissionalizante, para poder responder às novas exigências sem, contudo, conseguir romper com a história de desvalorização social e cultural que vem sofrendo ao longo do tempo.
Com todas essas responsabilidades, o professor ainda encontra tempo e disponibiliza espaços para realizar seu trabalho de maneira mais eficiente, diversificada e criativa, seja usando de seus recursos humanos como tecnologia, seja adotando novas tecnologias associadas as suas. A Informática Educativa, por exemplo, permite o uso de novas linguagens que compreendem novas formas de trabalho material dentro do processo de ensino-aprendizagem, além de novas possibilidades de interação humana.
Posso afirmar que esse é o meu caso. Saída de outra área profissional, primeiro busquei me qualificar dentro de um ensino técnico-profissionalizante, no caso o Magistério Especial complementar ao ensino médio, só após estar em pleno exercício é que busquei outras alternativas de formação, como extensões nas áreas de Estudos Sociais, Matemática, Ciências e TIC's. O que certamente levou-me a qualificar melhor minha atuação como professora e a buscar, finalmente, uma graduação em Pedagogia.
Tentei relatar, acima, a realidade que percebo, subjetiva e objetivamente, da profissão que escolhi e, se estiver ao meu alcance em algum momento, estando explicitada, poder de alguma forma alterá-la a partir de minha prática.
Parabéns pela postagem!
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