domingo, 4 de outubro de 2009

Semana de 28/09 a 04/10

Bom, de tudo isso, resultou um texto coletivo meio estilo "miscelânea", começando com a vinda da família real, passando pela Independência do Brasil, Pedro I voltando para Portugal, D. Pedro II sendo deixado aos cuidados de regentes, os desgostos políticos e econômicos dos gaúchos em relação às políticas do Império no tocante ao RS e terminou com a guerra, empate e negociações entre Farrapos e Imperiais. Esse texto virou texto oficial da provinha da 32, que encerrou o trimestre. Não o tenho aqui comigo, o postarei mais adiante.

Mas, voltando ao PEAD...

Tenho negligenciado um pouco as minhas atividades universitárias por conta de um compromisso maior.
Fui convidada pela Professora Luciane para levar a experiência com os PBWorks e Informática Educativa, que venho desenvolvendo na minha escola, à XVIII Feira de Iniciação Ciêntífica da UFRGS, sob sua orientação.
Para isso, encarei uma nova aventura, produzir um curta. Assisti às oficinas disponibilizadas pela UFRGS e tenho participado de todos os compromissos que envolvem o evento. Além do sofrimento na produção do filme, pois meu PC não é assim uma Brastemp.
Finalmente esta etapa foi vencida, agora me voltarei Às atividades com maior tempo e dedicação, como fazia antes assumir esse compromisso.

Acredito, que meu próximo foco de pesquisa será a clonagem humana (hehehe), porque, olha gente, estar em muitos lugares e fazer muitas coisas ao mesmo tempo, está me consumindo as energias.

Mas, tudo é passagem... assim como eu sou passageira nessa viagem!

*Então, para dar fim ao meu recomeço, gostaria de reproduzir minha postagem tripla no fórum do EJA, que reflete sobre o Texto de Regina Hara:

[...]
Parafraseando Hara (1992) "Os desafios que os educadores têm tido nas várias práticas de escolarização popular não são pequenos." E, o desafio dos educandos também, pelo visto.

Não tenho experiência com educação de adultos. Mas, para dialogar com as falas de vocês e para compreender a prática da EJA, através da minha prática com Ensino Fundamental (agora de 9 anos), como a Neuza está fazendo e conforme a afirmativa da Maria; gostaria de refletir sobre o 6º parágrafo da 1ª página do texto de Hara:

"Os fatores de ordem social não podem ser desprendidos do tipo de estrutura social em que vivemos. Sociedade excludente, que marginaliza a grande maioria pobre, acaba por negar as condições mínimas para a realização da escolarização das camadas populares, e, quando isto ocorre, a escolarização é destituída da qualidade necessária."



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É o que vem acontecendo no ensino fundamental, com a universalização do ensino e sua obrigatoriedade em atender a todos, a escola não se preparou, cultural e socialmente para receber a todos. Ela continua veiculada a cultura dominante, refletindo em seu currículo uma cultura e práticas elitistas, onde só tem sucesso na escola aqueles cujas mínimas condições são preenchidas, como afirmou a Maria, só quem sabe sentar, ouvir, reproduzir, etc. Para aqueles cujas famílias não possuem essa preocupação, pelo imediatismo de sobrevivência, está reservado o fracasso escolar e a garantia de seu retorno na EJA. Essas políticas, embora sejam reparativas, guardam em si uma hipocrisia profunda, pois nada é feito efetivamente para mudar a cultura escolar desde os anos iniciais na alfabetização das crianças. São poucos os professores cidadãos, que se vêem como trabalhadores assalariados e que se reconhecem como iguais à classe de onde provêm seus alunos. E, mais próximos, capazes de proporcionar aprendizagens críticas, de empoderamento político e social já nos anos iniciais.

A Escola ainda não é popular, por isso sua dificuldade em educar alunos das classes populares. Na verdade, existem duas escolas: A escola e a Escola Popular que se preocupa com a educação de jovens e adultos alijados dos bancos escolares na infância. A Escola precisa ser Escola Popular desde os anos iniciais para suas crianças e seus educadores, precisam ser como os educadores de EJA, já nas séries iniciais, levando em consideração a realidade e o contexto sócio-político-econômico em que essas crianças estão inseridas, suas histórias de vida e o fantasma do fracasso escolar, vinculado historicamente às suas histórias familiares.

Apenas dessa forma, não precisará existir EJA, a EJA é o atestado do nosso fracasso como professores nos anos iniciais de escolarização dos filhos dos trabalhadores. É o atestado de nossa incompetência em assumirmos a nós mesmos como trabalhadores. É o atestado de que a escola não é para todos, só para alguns poucos que possuem infra-estrutura social-política e econômica para freqüentá-la, no modelo em que ela se apresenta hoje. É o atestado do grande funil, todos entram, só quem desenvolve as competências que a elite julga necessária, saem bem sucedidos.



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Os textos lidos até agora, apontam para ações mais participativas de todos os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, direcionando professores e alunos para uma nova modalidade de conhecimento construído no coletivo do mundo e das condições de vida das pessoas, grupos e classes populares. Conhecimento coletivo, a partir de um trabalho que recria, de dentro para fora, formas concretas das gentes, dos grupos e classes participarem do direito e do poder de pensarem, produzirem e dirigirem os seus usos do seu saber a respeito de si próprios. Que, como diria Freire, um conhecimento que saído da prática política, torna possível e proveitoso o compromisso de grupos populares com grupos de cientistas sociais, por exemplo, seja um instrumento a mais no reforço do poder do povo. Poder que se afirma com a participação de todos, comprometidos de algum modo, com a causa popular.

Conhecer a sua própria realidade. Participar da produção deste conhecimento e tomar posse dele, reconhecendo como sua construção. Aprender a ler e a escrever a história; aprender a escrever e a ler sua própria história; aprender a escrever a história de sua classe a partir de sua própria história dentro da história do mundo em que vive; ou seja, toda a ação educativa visa conhecer a realidade para poder transformá-la.

Para isso, precisamos pesquisar com nossos alunos a própria realidade, cujo objetivo é conhecer as condições de vida, pautas de comportamento, motivações e aspirações do grupo social, ditos marginalizados, pelos donos do poder, mas não para que sirva de mais um instrumento de controle social, mas como uma necessidade por aqueles que querem transformar as relações de poder. Pois, a finalidade de qualquer ação educativa, como disse acima, é a produção de novos conhecimentos que aumentem a capacidade de iniciativa transformadora dos grupos com as quais trabalhamos, sejam crianças, jovens ou adultos. Sua percepção desta mesma realidade constitui o ponto de partida e a matéria prima para esse empoderamento político e transformação das relações de poder que querem que esses grupos continuem à margem dele, seja ele, político, econômico, social ou cultural.

Para finalizar, toda educação que se diga popular é baseada na Pedagogia Libertadora, onde se buscam relações dialógicas, práticas de construção coletiva, onde se façam presentes e sejam considerados os interesses das comunidades onde as escolas estão inseridas; além da gratuídade e acesso para todos, incluindo os adultos, sem que haja a necessidade da distinção de EJA. Para isso, o professor precisa se ver como partícipe desse grupo, libertando-se também de sua prática tradicional e elitista de pensar a educação.


Bjs no coração e boa semana para tod@s!

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