domingo, 24 de maio de 2009

Semana de 12 a 24 de Maio

Nessa semana, quero postar aqui minha participação no Fórum 4 de EPNE, por achá-lo muito significativo, principalmente após ter assistido ao filme Entre os Muros da Escola. A temática do filme transversaliza todas as Interdisciplinas. Me fez refletir a cerca das diferenças tanto culturais como de habilidades pessoais. Me fez refletir sobre ética e sobre nossa humanidade e desumanidade frente ao diferente.

Em resumo:

Já passamos pelo estudo das Leis inclusivas e o quanto a Escola Pública Estadual ainda está distante de cumpri-la integralmente, seja pela falta de recursos materiais, pela lentidão do sistema ou má vontade de determinada administração ou de educadores em particular.

Vimos também que existem várias alternativas quanto aos serviços disponibilizados para o atendimento de alunos desviantes, tecendo uma rede de apoio em paralelo ao atendimento na educação regular. Vimos ainda, o quanto há de desinformação quanto a essa prática na rede pública estadual.

Passado o choque inicial, todas essas informações podem alterar a percepção do educador, seja ele da rede que for. Porém, essa alteração não se dá assim, da noite para o dia, e muitos obstáculos precisam ser vencidos.

Por outro lado, mudanças consideráveis na vida de um aluno deficiente podem ser realizadas com a boa vontade e criatividade de um único educador. As dúvidas persistem suscitando novos questionamentos.

Como avaliar um aluno cadeirante, com os membros quase sem movimentos e desprovido da fala? Cuja família acredita piamente em seu reestabelecimento e integração escolar?

Muitos preconceitos precisam ser vencidos ao serem vivenciados em seu extremo, depois de esgotadas as opções do "o que fazer?" E, de "como fazer?" A opção que fica é "começar a fazer algo."

O próprio aluno é o parâmetro para sua avaliação. O quanto ele progrediu desde a última que foi realizada.

Que, por sinal, parte da observação diária e de apontamentos realizados por todos que o atendem, dentro e fora da escola. Para isso, deixar de lado o egoísmo do "eu não sou paga (o) para trabalhar fora da minha hora" pesa muito, pois para realizar encontros entre todos os envolvidos na rede de atendimento eles precisam ocorrer fora do horário em que todas as equipes trabalham.

Uma rede foi construída ao seu redor para garantir a permanência no ambiente em que estava familiarizado; sua avaliação é diferenciada sendo expressa por parecer descritivo escrito por todos da equipe de atendimento. Professoras de sala de aula e Informática, NASCA e SIR reunem-se quinzenalmente para discutir os progressos e avanços de um único aluno e o que mais pode ser feito para dar continuidade ao processo.

E, as outras deficiências presentes na escola?

E aqueles alunos de 5ª a 8ª séries, os esforços conjuntos ao redor de alguns alunos que demonstram dificuldades cognitivas por inúmeros motivos durante as séries iniciais se perdem, pois são negligenciados na compartimentalização do conhecimento a que são submetidos nas séries finais onde os "rótulos" sobre a criança começam a mudar...

Se nossa realidade fosse mais de um aluno de cada vez nessas condições, como faríamos? Quem estaria disposto a compor a equipe de atendimento?
Por exemplo, o SOE de nossa escola é muito presente, mas nunca se envolveu nessa questão em particular!

Desde que comecei essa disciplina tenho levado o material disponibilizado por ela, coisa que tem sido bem aceita. E, se em vez de um fossem mais, como seria?
[...]

Os questionamentos são fáceis de responder, o difícil é disseminar o vírus da discussão em torno deles dentro da escola.

Cito EINSTEIN (1950) para mostrar o grau de dificuldade:

"É mais fácil destruir um átomo do que um preconceito."

Os rótulos são usados constantemente dentro e fora da Escola. São perpetuados por discursos baseados no senso comum e no pré-conceito. Traduzem como os "sãos" vêem os desviantes.

"Ser visto como coitado, vitima de uma fatalidade, sábio ou aquele sobre quem sempre repousa as dúvidas de sua capacidade" (ORMELEZI, 2006.) [...]. "É importante como educadores, primeiro refletirmos sobre o que significa a deficiência e a normalidade para nós, como esses [...] significados marcam diferentemente as pessoas e, em particular, a formação subjetiva da pessoa deficiente, delimitando o lugar que a sociedade lhe atribui; como as pessoas que lidam com o deficiente a percebem, pois cada indivíduo confere à deficiência conceitos, sentimentos e significados diferentes que podem dar base a atitudes preconceituosas em relação ao deficiente, interferindo nas relações interpessoais e gerando situações de exclusão" (ORMELEZI, 2006. pgs. 83, 84).

É claro que a maneira com que olho o aluno que apresenta dificuldades de qualquer natureza irá refletir em seu desempenho e aprendizagem, se invisto nele terei retorno com certeza, se o rotulo de "fraquinho ou agitadinho" apenas o que verei será uma criança fraca e agitada e, portanto, a tratarei dessa forma e serei correspondida pela criança com ações que justifiquem minha crença.

A Escola como vimos anteriormente, tenta igualar a todos para que sua tarefa seja mais fácil, onde alguém não se encaixe nessa homogeinização, a primeira saída é justificar através de rótulos o porque do fracasso. Podemos entender melhor essa história de exclusão na escola se olharmos para o passado, assim como também podemos entender melhor como o processo inverso, o de inclusão, principalmente, de pessoas com deficiências se desenvolveu de meados do século XX até hoje, porém, ainda não consolidando-se totalmente.

Em 1998, o MEC lança o documento que contém as adaptações a serem feitas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para por em prática estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais. E em 2001, o ministério publica as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Lei nº 10.172/01, que aprova o Plano Nacional de Educação e estabelece vinte e sete objetivos e metas para a educação de pessoas deficientes.

O primeiro e principal objetivo, a meu ver, é o de desenvolvimento de programas educacionais entre a escola e as áreas de saúde e assistência social visando à ampliação da oferta de atendimento em todos os níveis escolares desde a educação infantil; a educação/formação continuada em instituições de ensino superior dos professores que estão em exercício na rede regular; o apoio às pessoas com deficiências, sua integração social, assegurando o pleno exercício de seus direitos individuais e sociais conforme dispõe a Lei nº 853/89.

Parece que estamos mobilizados para isso em minha escola, porém, a equipe é pequena e talvez por muito tempo ainda seja ela a responsável por construir redes de atendimento aos poucos alunos, nitidamente deficientes, que nos procuram. Está sendo feito e divulgado, esperamos que nosso exemplo de trabalho sensibilize o grande grupo dentro da escola e que, aos poucos, mais profissionais de educação e de outras áreas juntem-se a nós e mudem seu olhar sobre os alunos com pequenas e grandes deficiências.

"Esperemos que mais que questionamentos a aceitação da diversidade e da inclusão aconteça na escola. Observamos, além da resistência, discursos distanciados da prática. Outra grande questão acerca do rótulo, é não conhecer a pessoa que está por trás do rótulo, ou sequer lhe dar oportunidade de ser conhecida. No caso da criança, ela não tem a oportunidade de desenvolver-se como realmente é. Ela age em resposta ao que lhe é solicitado simplesmente, isso quando consegue, porque às vezes nem isso é possível. Reafirmo a construção de redes que possam atender amplamente os alunos com deficiências" (VEBBER, Fernanda. 23/05/09)

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