domingo, 12 de outubro de 2008

SEMANA DE 06 a 12 de Outubro

Na tentativa de dialogar com as colegas Neuza e Magdalena no fórum de ECS, do ROODA, sobre as afirmações de Marx e Mészáros e como os pensamentos destes autores ajudam a compreender a educação e a sociedade brasileira, vou tentar expor o que entendi, da seguinte forma, na minha língua:

A característica principal de nossa sociedade é a desigualdade, disfarçada numa igualdade e numa unidade que nos fazem crer que essa é a ordem natural do mundo. Mas não é.

“A igualdade, portanto, é determinada pela desigualdade; a liberdade individual, pelo nexo inexorável de relações de mercado. E tudo isso aparece como algo natural, que sempre foi e será como agora, para o que não há alternativa” (GRESPAN, 2008). Não concordo.

Porém, as alternativas estão sendo apontadas já há muito tempo, quando Marx afirma que “o tempo é campo do desenvolvimento humano” e a grande tarefa da humanidade é superar a necessidade do “trabalho assalariado”, está nos apontando, através da alternativa de integração da educação e do trabalho uma saída para a realização integral do ser humano.

Notamos essa tendência utópica, também em Mészáros, através de sua análise em A Educação para além do Capital quando afirma que “Não pode existir uma solução positiva para a auto-alienação do trabalho sem promover conscientemente a universalização conjunta do trabalho e da educação”.

Temos dessa forma, em ambos os autores, Marx e Mészáros, o discurso de que a Educação precisa ser concebida e realizada dentro das condições e necessidades de cada classe, sendo que seu paradigma deve ser o que embala a própria classe. Paulo Freire também nos aponta para esse caminho. Nesse sentido, apenas a prática, práxis, é capaz de preparar o educador para exercer seu ministério.

Caso a Educação seja unificada em conteúdos e interesses, esses servirão à hegemonia da sociedade e, dessa forma, manter-se-ão as desigualdades sociais como forma de reprodução dos movimentos capitalista dentro dela.

Quero sair um pouco da realidade e entrar no campo da fantasia, sem com isso abandonar a utopia de Marx. Sei que quem me conhece reconhecerá o meu discurso dentro da realidade que prego, busco e defendo, e que em alguns segmentos da sociedade já não é tão utópica assim, já é realidade.

Refiro-me ao universo de Jornada nas Estrelas, fruto da mente de um homem, Gene Rodenberg, que com certeza bebeu na fonte dos pensadores alemães. Esse homem idealizou a Federação dos Planetas, onde a Terra evoluída, sem fome, miséria ou qualquer das mesquinharias humanas, sedia seu bureau. Nesse tempo e espaço evolutivo, século XXIII em diante, não há dinheiro ou escambo, a forma de suprir as necessidades é de outra ordem, mais evoluída. Cada ser humano (ou alienígena) pertencente à Federação, tem o compromisso com a coletividade de se desenvolver em suas potencialidades e, fazendo isso, contribuir com o que tem de melhor em conhecimentos e aptidões para o bem e constante evolução dos seres que a compõe.

Trabalho, Estudo e lazer são uma constante, confundindo-se mesmo em sua prática e fim.

Esse mundo utópico traduz o que Marx tentou preconizar quando afirmou que cada classe precisa educar os seus conforme sua especificidade e ideologia, deixando a parte técnica e de conteúdos para a instituição escolar que deve ser gratuita e mantida com as rendas advindas dos impostos e taxas recolhidos pelo estado.

Mészáros nos informa que as multinacionais cada vez mais investem na formação e lazer de seus operários como forma de garantir uma produção de qualidade e Marx mesmo, nos esclarece que o tempo livre e a dedicação do indivíduo para uma tarefa prazerosa e sem compromisso com o mercado e o capital lhe permitem a formação da criatividade e um melhor desempenho de suas aptidões que retorna à própria sociedade.

Finalizo esse comentário acreditando na contemporaneidade do discurso de Marx e sua releitura em Mészáros e tantos outros, compreendendo a leitura da realidade e a discordância do próprio Marx quando diz que “é precisamente o liame que une o trabalho à natureza que faz com que o homem, não tendo outra propriedade a não ser sua força de trabalho, deva ser escravo de outros homens que se tornaram proprietários das condições de trabalho” (Marx, 1965, p.1413). Pois, essa é a visão capitalista do trabalho humano e ela, de forma alguma, é natural.

Essa é uma fase pelo qual a humanidade necessita passar enquanto aprendizado, ela não é natural, mas invenção do próprio homem. Certamente esta invenção está evoluindo e se libertará tornando verdadeira a afirmação de que o homem liberto do trabalho assalariado tenha como propriedade apenas suas idéias e o trabalho que possa oferecer para a sua sociedade, uma sociedade de iguais em que pesem suas diferenças e a diversidade de suas aptidões.

“O trabalho não é a fonte de toda riqueza. A natureza é tanto fonte do valor-de-uso (e este constitui a riqueza material!) quanto o trabalho que é apenas uma manifestação de uma força material, a força de trabalho humana” (Marx, 1965, p.1413). O que tornará verdadeira e legítima a abolição do próprio sistema assalariado, visto que o homem só se libertará a partir da extinção desse sistema e assunção do valor que possui em si mesmo através da educação.

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